sábado, 1 de maio de 2010

7

Aonde você vai?
Vou à sala fazer algo inútil
Volto já
O que você vai fazer?
Escrever alguns versos
Ah, escreve aqui no quarto mesmo
Não, prefiro a sala agora
Está bem...
Que insensato, não sabe, acaso,
Que uma hora dormida
Vale mais que metros de literatura?
Ah, o sono tranquilo
Não conhece, acaso, a boa digestão
E logo o sono dos justos?
Sempre a vigília febril e flatulenta
Opulenta em delírios
Por que sempre procura
Os valores mais elevados do espírito?
Não vê que de tão elevados
São inalcançáveis?
O corpo, plúmbeo e ainda viril,
As vontades da carne
A concupiscência!
As vontades cotidianas
Tudo isso, enfim
Soterra os pés...
E as mãos, erguidas em vão,
Nada detêm.
Basta com os sonhos de ontem!
Nem lembra quais são.
Mas sempre lhe resta
O idílio do passado
Quando o mel e o fel
Sabiam iguais.

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