segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cavalo... cavalo... cavalo

Cavalo... cavalo... cavalo...
Quando a gente tem frio, em geral, se cobre.
Se tem sono, dorme, se tem fome ou sede, come ou bebe.
Se algo incomoda, nos afastamos...
Mas quando recebemos uma notícia assim,
não há para onde ir.
Simplesmente queremos estar em outro corpo,
em outra vida
Se vamos dormir, depois de inúmeras gotas de rivotril, dormimos.
Mas no dia seguinte acordamos e somos nós ainda.
E somos nós que padecemos. Queremos fugir da nossa pele, de nossos ossos
E só resta esperar a hora de tomar de novo rivotril
Cavalo... cavalo... cavalo...

Cavalo... e as placas na rua...
São só placas na rua,
não dizem mais que Pare,
Estreitamento de pista à esquerda,
Dê a preferência
Cuidado, pedestres
Acesso à Av. 23 de Maio
Hospital do Câncer...
A placa pode deixar de ser só placa
Pode ser também palpitação
protuberância no caminho
medo e dor...
Cavalo... cavalo... cavalo...

Deixemos o trânsito
Voltemos no tempo
e se o tempo não volta,
que seja na memória,
substrato do tempo,
argila mentirosa

2 comentários:

  1. saudades de escrever. Esta noite sonhei com o Manuel Marmelo. Tu e ele. Quando sonho com algum de vcs dois, a escrita me chama tb.

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