terça-feira, 20 de novembro de 2012

Mahler

Por que reluz tanto a cor do entardecer?
Ofende a vista pálida
na cidade cinza e insana
que hospeda passos tão incertos,
ocupados por hábito,
perdidos por tradição.

Por que soam tão melífluas
as notas harmônicas,
mesmo com aquela horda humana
já quase tão sem humanidade
que desfila aos farrapos
diante de pesarosos humanistas?

Tarde de contradições,
Webern, Mahler, Strauss
o crack, os mortos-vivos,
eles e nós, nós e eles,
os prédios ingentes,
pedra e sol,
que se põe algo frio,
exuberante,
e algo indiferente.

Noites

Tem noites que relutam em anoitecer,
o céu não escurece,
os olhos não se fecham,
a mente não se esvai
Culpem-se o querer insaciável,
a angústia do nada, a lua
e o zumbido no ouvido.
Mas adensa-se na alma
o escrúpulo de escrever linhas inócuas
como ontem fiz, antes também
e amanhã farei.
Vencido, agarro-me outra vez
a esta pequena vingança
fugaz e infértil.
De mim fizeste o escárnio,
aos teus caprichos, vida, sucumbi.
Mas aqui, enquanto os ruídos da noite
impõem-se à revelia,
regro e dito.
Ou dito eu as palavras de ordem,
sem ordem, sem rima, só dor.
E tu, como sempre, triunfas
e eu, como sempre, resigno-me
e dor.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

despedida de duas almas

nos vemos por aí, algum dia, alguma hora perdida... quando o sono soar insano e a vigília vã... vá... obrigado pelo que foi... fui...