terça-feira, 20 de novembro de 2012

Noites

Tem noites que relutam em anoitecer,
o céu não escurece,
os olhos não se fecham,
a mente não se esvai
Culpem-se o querer insaciável,
a angústia do nada, a lua
e o zumbido no ouvido.
Mas adensa-se na alma
o escrúpulo de escrever linhas inócuas
como ontem fiz, antes também
e amanhã farei.
Vencido, agarro-me outra vez
a esta pequena vingança
fugaz e infértil.
De mim fizeste o escárnio,
aos teus caprichos, vida, sucumbi.
Mas aqui, enquanto os ruídos da noite
impõem-se à revelia,
regro e dito.
Ou dito eu as palavras de ordem,
sem ordem, sem rima, só dor.
E tu, como sempre, triunfas
e eu, como sempre, resigno-me
e dor.

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